sábado, 13 de fevereiro de 2010

Os Que Vão Morrer Saúdam-te


"Ave, César, morituri te salutant” (Salve, César, os que vão morrer te saúdam).

No Império Romano, os soldados dentro da arena do Circo jogavam comida ao povão para ovacionar Cesar e quanto mais eles gritavam pelo nome do Imperador, mais alimentos recebiam.

Aqui nós temos uma possível reencarnação de César e ainda temos muitos soldados do imperador.

“Ave, "pernóstico", morituri te salutant” (Salve, "pernóstico", os que vão morrer te saúdam).

Lembro-meda canção de Gonzaguinha: "... e sem o seu trabalho, o homem não tem honra. E sem a sua honra se morre, se mata. Não dá pra ser feliz." A incompatibilidade familiar, a dependência alcoólica ou por drogas desemprego e gravidez indesejada também foram fatores, que conduziram muitas pessoas às ruas.

Da casa para a rua. Das relações de parentesco para a anonimato. O espaço da rua é regido por leis e pelas influências oriundas das relações de amizade que as pessoas possam ter. É um espaço onde reina a solidão, o desconforto e o terrível anonimato. Na rua somos irremediavelmente desconhecidos, e tal sentença nos incomoda. Estamos expostos ao mundo e, salvo nossa rede de relacionamentos, podemos ser bem tratados ou não. O mundo da rua é perigoso. Nela se encontram os malandros, as prostitutas, os "franelinhas", os traficantes "os que não têm nada a perder". hoje é normal ouvirmos todo o tipo de recomendação se tentamos nos aventurar neste estranho e impessoal espaço.

Se eu estivesse lá em São Paulo, no Rio de Janeiro, onde não conhecemos ninguém e poucos nos conhecem, talvez fosse mais uma cena do cotidiano das grandes metropolis, mas, é muito extranho, vermos tantas pessoas tidas hoje como "moradores de rua", na cidade do "gente de quem"!

Desabrigados (posso mostrar pessoalmente se alguém quiser ver duas familias de neo-desabrigados, ou desabrigados pós enchente), da enchente tendo suas casas demolidas, muitos sendo retirados e levados para abrigos emergênciais (onde a comida está sendo feita por funcionários da prefeitura), com agua luz segurança e tudo que eles realmente merecem ou ainda recebendo auxilio aluguel que também parabenizo pela iniciativa!!! Atitude louvável parabéns a defesa cívil pela mobilização pelo pronto atendimento (e nem vamos questionar aqui se todos eles realmente são "gente de quem"), pois somos todos cidadãos do mundo especialmente depois da globalização.

Esse comentário se da em virtude de vermos novos cadastramento de desabrigados, após o anuncio da construção das 323 novas moradias, eu estava imaginando que esse cadastro ja existia.

Mas, voltemos ao inicio, aqui parece que as soluções só vem depois da tragédia, não se consegue falar em trabalho preventivo, nos últimos dias eu estive conversando com os "moradores de rua" de nossa cidade, mantive contato com 16 pessoas pra minha surpresa a maioria é "gente de quem"! abandonados pela familia por uso de drogas ou alcoolismo, ou ex-presidiários. Eles dividem o coreto municipal, o plato, e as dependências da praça José Zuza (praça do museu).

E eles como não poderia ser diferente, como em qualquer outra cidades se prestam a serviços dos outras categorias acima relacionadas, quer como vigias quer levando recados! Foi ai que pude perceber que esses seguimentos se relacionam, e que eu estava conversando com aqueles que já estavam (salvo alguma atitude em contrário por parte de nossas autoridades), no final da estrada. Quer pelo proprio risco que a vida ali proporciona (podendo ser mortos por vandalos), quer pela falta de opção de vida.

Até quando teremos que conviver com isso? Até quando vamos ter essa desumanidade presente nos anais de nossa historia? Até quando vamos dizer se a administração passada nada fez: eu quero imita-la! Vamos esperar mais um pouco?

Será que o único combustível que nos faz mover é o escândalo (vide CNEC, Enchentes, Canil)? Até quando?

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